quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Cidade Perdeu...

O DIA pode ser um impecilho para os objetivos daqueles que estão do lado da destruição, mas nada como o silêncio da noite para o que ERA perder seu espaço na cenário Urbano


A cada ano, cidades no mundo inteiro presenciam o tempo todo o nascimento de novas construções para suprir as necessidades das pessoas que estão em constante mobilidade dentro e fora de suas fronteiras. Nativos ou não de um determinado lugar o ser humano necessita de abrigo para sobreviver, trabalhar, se divertir, praticar suas crenças, estudar, comprar e morar.

Por isso, a cidade vive em constante mudança, locomovendo-se como a areia da praia para suprir carências do bem estar social dentro de um determinado território. Como integrantes da história contemporânea chega ao nosso conhecimento a existência de monumentos espalhados pelo mundo que chegaram ao século XXI apesar de existirem há mais de três ou quatro séculos. Fato oposto acontece em nossa cidade em que uma construção de cem anos ou menos são demolidas com a maior facilidade descaracterizando o cenário da cidade para satisfazer os interesses de um pequeno grupo e empresas que vislumbram lucrar em nome do “progresso” sem importa-se com a memória, o valor cultural e sentimental daqueles que são nativos da cidade.

Não é novidade e nem de agora as demolições de antigos prédios na cidade de Maceió, mas de uns tempos para cá, depois que a nova ordem de tombamento e preservação passou a ir de encontro com os interesses desse grupinho de pessoas interessadas em fazer desaparecer a memória arquitetônica da cidade que, mudaram a maneira de liquidar com os imóveis que eles selecionam a desaparecer: Na calada da noite; e quando o dia amanhece tudo não passa de um amontoado de entulhos não poupando nem as árvores que faziam parte do cenário.

Nada deve ficar em pé e depois do terreno limpo e murado é esperar pelo momento certo de quem pagará mais por aquele espaço. Foi assim no passado com o Majestoso Hotel Bela Vista e recentemente com a casa rosa na Pajuçara que desapareceu da noite para o dia mesmo havendo forte protestos de influentes pessoas da sociedade maceioense como o artista plástico Pierre Chalita, já falecido entre outros.



Sobrado na Pajuçara de frente para a futura praça...

No começo do ano 2000

Casa da concha na rua...

Abandonada por muito tempo antes de ser demolida







Casa do Poeta Jorge de Lima, Praça Visconde de Sinimbú



Casa do escrito Jorge de Lima. Graças ao sonho de um médico, Dr. Ib Gato Falcão, que desejou muito a recuperação deste sobrado ele não veio ao chão e foi restaurado


Antigo Acesso na parte de trás do Palácio Floriano Peixoto demolido para a construção do Palácio Novo













Fachada de uma casa antiga no bairro de Jaraguá










Casarão na rua..., Farol (Demolida em  dezembro de 2011)

Meu encontro com este sobrado no Farol aconteceu por acaso em um fim de tarde de um dia nublado quando estava indo pegar condução na Praça do Centenário. Entrando em uma rua terminei passando por esta que de longe revelava o imponente sobrado com seus dias contados

Fiz questão de me aproximar da casa para ver seus destalhes, ainda que uma parte deles, vistos por cima daquele muro horrível, que deve ter sido levantado para que não fosse visto da rua a demolição já em andamento, muito pouco revelasse. Nesta tarde, o telhado de amianto ainda estava no lugar. O muro alto e o portão no mesmo nível impedía de se ver os detalhes internos

Vista da rua, por cima do muro como quem olha para o primeiro andar de um prédio, o que mais me prendeu nesta casa foram os cachorros na parte externa do teto; esta vigas que circula todo o forro do telhado

Em outra ocasião, o telhado sendo removido, mas até ali acreditava que a casa estivesse em reforma. Como a rua estava sempre deserta e o portão da mesma fechado quando eu passava não tive como interrogar a respeito do que estava sendo feito ali. Por duas semanas passei a frequentar aquela rua para ver o destino daquela casa. Sua sentença estava no muro, mas eu não queria acreditar que ela seria demolida...

Em uma tarde de muito sol e calor constatei o que realmente estava para acontecer...

O feioso muro de tijolos fora trocado por esta proteção de fácil remoção que ali foi posta para proteger o terreno; a casa tinha desaparecido

Agora sim o portão estava aberto revelando aos transeuntes o canteiro de obra em andamento. Mais um bangalô antigo do Farol desapareceu para que em seu lugar um outro edifício moderno seja projetado.

SOBRAS DO PASSADO...

Quem antes nela habitava não existe mais ou mudou-se; não há mais ninguém para comtemplar a rua e quem por ela passa não precisa ver apenas uma janela velha que não se abre mais para a vida

e se restou a janela, que o tempo consuma o trabalho de quem a pôs de pé na parede

Somente os que sobrou de alguns traços ainda denuncia que a parede que protege o terreno vazio, um dia foi uma Residência

Fachada de uma casa antiga na rua Batista Acioly, em Jaraguá

A mesma rua, a mesma casa, a mesma numeração, a mesma fachada, mas o tempo a que ela chegou não permite que tenha o mesmo encanto de antes

Apenas uma parede protegendo um terreno oco, sem vida esperando por uma  nova construção que irá levá-la ao chão

Restaram os detalhes acanhados da fachada antiga que ensiste dividir o espaço com os tijolos moderno, o cimento e o lodo que cada vez mais tange a cor de escuro

ESPAÇOS VAZIOS...

O terreno vazio foi o que restou da casa onde morou por um tempo o escritor José Lins do Rego, na Avenida da Paz ao lado do Museu Théo Brandão

Enquanto não se tem um destino concreto e os novos donos não chegam para tomar posse do que compraram, restam as paredes laterais do velho imóvel a revelar suas entranhas a quem por ali passa...

 mato, lixo e areia avançam para cobrir o chão de ladrilho; e o espaço da casa vira caminho, atalho de uma rua para outra por desconhecidos que pouco ou nada sabem de sua existência. Nessas passagens ainda vemos no chão as marcas das divisões da velha casa: a sala, os quartos, o corredor, a cozinha, etc. Mas são as entranhas da parede exposta sem cobertura que define bem aquele espaço; não é um espaço qualquer; é o espaço de uma casa antiga que foi DEMOLIDA.

Antes de ser demolida a casa figura ao lado do imponente palacete construido depois dela

Ao lado do Museu Théo Brandão o espaço vazio da casa antiga que já estava ali quando o palacete foi construido em 1914


Sobrado na Avenida da Paz onde funcionou a FEBEM




Um comentário:

  1. Muito interessante seus comentários sobre os casaroes, meu pai viveu 27 anos no casarão Onde hoje tem o hotel enseada, na praia de pajucara. Gostaria de ver alguma foto ou publicação sobre ele; salvo engano pertenceu ao pai do ator Paulo gracindo

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