quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Adeus ANO VELHO, Feliz ANO NOVO




Todo final de ano ouvimos sempre a mesma música e nos deparamos com o desejo da grande coletividade de que o ano, considerado velho, passe logo para que o “Novo” adentre em nossas vidas trazendo muitas bagagens só de coisas boas, mas a vida não é bem assim; como diz o dito popular, o buraco é mais em baixo.
Em minhas pesquisas levantando dados para o livro que estou escrevendo sobre a cidade de Maceió no passado, encontramos em velhos jornais a referência para o ano novo de, Ano Bom. O tempo passou e esse termo ficou como Ano Novo, mas o que ocorre no período de doze meses desse novo ano talvez não seja tão bom quanto fora desejado. É chocante e as vezes nos metemos até em verdadeiras polêmicas quando tentamos alinhar a visão e o pensamento das pessoas fazendo com que elas reflitam um pouco diante das ideologias e verdades pré-concebidas pela mídia e seus agenciadores que induzem de uma forma fantástica a sermos fiéis copiadores de suas diretrizes. É necessário pensar, agir e estar alinhado à nova ordem midiática para ser uma pessoa integrada e de bom gosto, fazendo tudo exatamente como manda o figurino.



BRANCO, para quê te quero branco? O branco representa a PAZ, é o que dizem os agenciadores midiáticos e entre tantos outros significados bons atribuídos a essa cor, manda a tradição que na passagem de ano o sujeito, rico ou pobre, trabalhador ou desempregado, com teto ou sem, faminto ou de barriga cheia, se vista de branco para atrair boas energias na chegada do ano dito novo. Além disso, para aqueles que realmente estão dispostos a fazer tudo o que manda a tradição o número de obrigações não param por ai e cada uma exigirá algum sacrifício de seus adeptos. Pular ondas na praia, oferecer presentes a “rainha do mar”, tomar banho de descarrego, não comer animal que cisca para trás, comer lentilha, entre outros. A lista é grande e vai de encontro a boa parcela de pessoas que não tem condições de seguir a dita tradição, ou por falta de puro interesse, de condições financeira, saúde e acessibilidade social, no caso daquelas quem de alguma forma estão encarceradas e que não teriam um pedido para pular ondas na paria aceito pela justiça.





O ANO, dito VELHO. Ele também foi desejado, cantado em prosa e verso e esteve na boca de toda humanidade como se fosse um bem mais do que necessário. Na medida em que o tempo foi passando é que as coisas ficaram..., que tipo de cor devo usar para ilustrar as calamidades do ano que passou, já que em tempos de “politicamente correto” igualar uma cor a um fato negativo pode até dar um processo dependendo da interpretação daqueles que lerão este texto. Mas como ia dizendo, o tempo fechou e o céu ficou cinza, escuro e os votos de felicidade e boas energias não foram suficientes para barrar as tragédias. Vestir-se de branco não foi suficiente para sobreviver às chuvas de começo de ano no sul e sudeste do Brasil e como habitantes de uma região onde o sol nessa época do ano só falta fritar os miolos, vemos incrédulos pela televisão o sofrimento de tantas pessoas que horas atrás estavam reunidas comendo e bebendo, seguindo a tradição, e que durante a madrugada foram pegas de surpresa por um deslizamento de barreira ou pelo transbordamento de um rio que destruiu o pouco que tinham.

Sempre nesse período de passagem de ano, quando a sensação do momento é a “maravilhosa festa da cidade do Rio de Janeiro” lembro da tragédia do Bateau Mouche IV, no réveillon de 1988, onde 55 pessoas morreram dentre elas a atriz Yara Amaral. Estavam de branco?
Cantamos e nos apressamos em contar os minutos para que o ano velho desapareça para sempre de nossa história acreditando que o desconhecido será melhor e trará Paz, Saúde, Alegrias, Segurança, Amor, Status Social, um bom emprego e Muito dinheiro no bolso...

Vivemos despreparados para receber tanto o positivo quanto o negativo de um ano. 365 dias que em minha história de vida pode ter sido de bonança e felicidade é, na maioria das vezes o oposto de alguém que mora ali do meu lado ou do outro lado da rua. 2011 não deixou em branco a sua parcela de desencontros, tristeza, angustia, solidão, saúde em alerta, falta de trabalho entre outros, mas, analisando pelo lado de que sobrevivemos a mais essa experiência saímos no lucro quando juntamos numa caixa as grandes e pequenas conquistas angariadas ao longo do ano. Portas que se abriram do nada, reencontros que se tornaram realidade; objetivos que foram galgados e sonhos que se concretizaram. Tudo isso e muito mais no ano chamado injustamente de velho, porque doze meses não passa de uma criança...

Quando penso em um ano que vai ficando para trás, penso nas famílias que naquele período ficaram enlutadas. Amigos, país, irmãos, parente entre outros que tiveram seus laços afetivos rompidos por uma guerra ou pelas tragédias cotidianas possibilitadas pela ação do próprio SER HUMANO.

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