sexta-feira, 4 de novembro de 2011

É Outubro...



Outubro chegou e com ele vieram as datas comemorativas. Estamos na Primavera e aqui no nordeste do Brasil ainda chove; um fato novo nesse ano. Tem sido uma chuva leve às vezes não cai nem uma gota, mas o céu tem ficado nublado.
As crianças não ficaram sem o seu dia; sem presentes, sem doces, festas alegrias, abraços e carinhos. Milhares tiveram tudo isso e algo mais, mas em algum lugar deste vasto mundo a existência dessa data não faz sentido. São meninos e meninas para os quais datas determinadas pelo comércio não dizem nada. Presente nenhum daria a elas a dignidade de conviver em uma família onde o respeito, o carinho, a paz e o sorriso fossem um presente trocado diariamente. A convivência doméstica com aqueles que se intitulam “família” é uma tortura constante.
De janeiro a janeiro sofrem com o excesso de ausências: ausências de afeto, de palavras de estímulo, compreensão, carinho. Um ou outro brinquedo recebido mais por tabela do que por agrado pouco significam para elas. Talvez o brinquedo mais importante para eles fossem o direito à liberdade; cedo almejam pela maturidade na ilusão de que só assim poderão melhorar de vida, ter independência e sobreviver sem os desafetos daqueles que deveriam sempre cobri-los de honra.
12 de outubro deve passar batido para muitos pequenos que foram trazidos ao mundo e aqui jogados a própria sorte por causa da irresponsabilidade de indivíduos com o título de “país”. Crianças que incentivadas à marginalidade adentraram pelas vielas da prostituição, das drogas, do crime, do dinheiro fácil que pode lhes proporcionar a aquisição de futilidades que duram tão pouco.
Crianças à espera de um milagre no casulo de um orfanato, cuidadas por adultos desconhecidos que lhes dão um pouco de carinho, mas não lhes oferecem um lar de verdade, um sobrenome, um re-começo de história. Que presente no mundo teria o poder de substituir numa criança as doces lembranças de uma infância repleta de afetos e boa convivência familiar? Os sapatos que ganhamos durante toda vida tiveram o seu valor em determinado momento quando passamos a usá-los, mas são as lembranças, boas ou amargas, que tivemos com eles que ficarão na memória.


É comum vermos nas imagens de guerras e de lugares assolados por terremotos que ali existiram crianças pela presença de algum brinquedo que ficou para trás soterrado nos escombros; em geral são a representação de algum animal ou uma boneca. O brinquedo que se perdeu na tragédia e que poderá em um momento oportuno ser substituído por outro, mas, as lembranças da experiência traumática resistirão por muito tempo para abandonar a mente delas.
Fico pensando nesse dia nos meninos e meninas que moram em países em guerra. Privados de liberdade, do que comer, beber, estudar e até mesmo de uma roupa decente para vestir. Sinto tristeza pelos pais que nesse dia 12 abrirão mais uma vez a porta do quarto de seus filhos para ver que tudo está lá do mesmo jeito como eles deixaram antes de saírem de casa: Os brinquedos alinhados sobre a cama e nas prateleiras, os calçados enfileirados em baixo da cama, o cheiro da roupa lavada e passada, as medalhas, os troféus e as fotografias nos portas-retratos; tudo ali ao alcance das mãos e dos olhos, mas, o dono de tudo aquilo não voltará porque a vida lhes foi tirada.

O Dia da Criança nada mais é do que a antecipação da ‘píada’ do papai Noel!

links: Foto 1: bohney.com.br Foto 2: Lontrices.blogspot.com

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