quinta-feira, 17 de março de 2011

E o coqueiro também morreu

Quando falei da morte do pé de mamão nascido no quintal da nova casa, citei a sorte de um único coqueiro que vejo da porta da cozinha plantado no quintal de uma casa vizinha. Quando antes aqui não tinha sido feito a área de serviço, era possível vê-lo em toda sua beleza e o balançar de sua abundante folhagem e como ficava carregado em tão curto espaço de tempo. Na referida casa que era de aluguel não parava inquilinos e a cada novo morador que chegava víamos sempre alguém trepado no coqueiro ou tirando as folhas para os festejos juninos ou extraindo os frutos daquela planta. Do nosso primitivo quintal desprovido de um teto o coqueiro vizinho se projetava como a torre de uma catedral na imensidão do azul celeste. Com a cobertura feita pára proteger os entulhos da chuva restou uma pequena abertura no telhado que separava a casa da área de serviço e por esse filete de espaço o coqueiro alheio aparecia a nossa vista como uma figura colada naquele resto de espaço.

Nada nesta vida é para sempre e o mundo está repleto de pessoas inimigas da natureza. Derrubar, desmatar, poluir, camuflar são palavras que imperam em nosso atual contexto. Num desses primeiros dias de março, antes do carnaval o dia amanheceu nublado e quando acordei e fui á cozinha para tomar café e lá estava à cena que eu nunca imaginara. O coqueiro figurava como um poste no cinza daquela manhã chuvosa, desprovido por completo de sua folhagem e de seus frutos. Não sei se por falta das ferramentas apropriada ou por limites de espaço, o tronco da planta foi deixado em seu lugar ficando no espaço como referência de que ali um dia existiu um pé de coqueiro que segundo quem teve a oportunidade de beber de sua água, dizia ser muito doce.
Passado alguns dias vi na rua a cara de quem foram condizentes com aquele crime. Arrastavam as folhas com a cara de desconfiança como menino amarelo que comete traquinagem e depois tenta parecer o mais angelical possível.
O que restou daquela planta agora é a imagem que vejo toda vez que chego à porta da cozinha.

Maceió, 14 de março de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário