quinta-feira, 17 de março de 2011

CARTA DO EXÍLIO

Sentado de costas para a vida
vejo o tempo passar sem pressa
tornando longa e ansiosa a espera de uma felicidade que não vem.
Sentado de costas para a vida,
penso na terra que deixei para trás,
no lugar onde morei, nos conhecidos e admiradores.
A alegria do exílio é falsa
e o sono das noites quentes e abafadas são pesadelos do inferno.
Sinto saudade do frio, da chuva que constantemente cai e refresca a alma...
Da garoa que banhava meu rosto como bálsamo.

Do tamanho da minha cidade é angustia que sinto neste exílio,
nada que acontece vem diminuir o meu tormento.
Meu corpo está em grilhões nesta terra rude,
inoportuna, onde poucos têm muito e muitos têm quase nada.
Meu pensamento voa em busca das paisagens urbanas do lugar onde morava,
mas aqui no exílio, nada vou encontrar igual.
Aqui tudo é limitado, simplista, comedido, atrasado.

Não sei até quando viverei sentado de costa para a vida neste exílio.
Desejo viver e aproveitar cada segundo da vida, ser feliz...
Ter liberdade para amar e ser amado,
por alguém que eu escolhi e que mora no
lugar de minha paixão onde tudo é imenso,
mas as oportunidades são inúmeras.
Até quando ficarei sentado de costas para a vida?

Maceió, verão de 2003

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