Há um menino do outro lado da porta
Sentado em um banquinho
Esperando ser chamado
Quando o tempo passar de vez para ele
e o sol não mais nascer em seus dias.
Ele aguarda o tempo com paciência
E no banco em que está sentado
Observa pela abertura da porta
A vida conturbada dos adultos.
Há um menino do outro lado da porta
Sentado ao lado de sua lancheira.
Ali, ele guarda todos os seus brinquedos
Um pouco dos que sobraram de sua infância.
Grudados ao seu corpo, ele sabe da existência de cada um:
Cavalos, soldados, carros e uma multidão de sonhos...
Para cada sonho uma história fascinante
Onde ele atou e foi figurante. Morreu e sobreviveu
Nesse filme, ele foi roteirista e diretor.
Ficou triste apenas com o tempo que
apressou a passagem para a idade adulta.
Há um menino do outro lado da porta
que me espera quando estou triste
e não tenho com quem conversar...
Tudo o que ele faz é me ouvir e vez
por outra diz algo, nada além do que opinião
De criança.
Como eu queria voltar a ser aquele menino...
Tomar o lugar dele, possuir sua lancheira
Recheada de sonhos, heróis que nunca morrem
Viver num mundo onde até a morte tem outro
Significado
O olhar do menino sentado naquele banco
É um olhar de saudade, cheio de paz e melancolia.
Há um menino do outro lado da porta
Que me espera para um dia partirmos juntos
E enquanto esse dia não chega, ele sobrevive.
Com os meus dramas. Chora por mim e pelo
Amargo da vida, a falta de amigos, as dores do corpo
Da alma e a solidão da minha existência...
Às vezes ele acena impaciente querendo acabar
Com o meu sofrimento, mas com o tempo a gente
Amadurece e desiste de desistir, o que ele não entende.
Há um menino do outro lado da porta,
Que sou eu.
Alcides B. Santos
Maceió, fevereiro de 2010
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