sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

AS FORMAS DA CIDADE 1



O que me diz as formas da cidade?
Caminho de um lado para outro neste espaço urbano e a cada esquina uma novidade; mais um prédio se levante onde antes tudo era mato.
Concreto, concreto e o chão fervilha com o ataque do sol que vem ardendo na pele. Cada vez mais precisarei de uma nova camada de protetor solar. Produto caro, mais caro que alimento, triste sina.
Se não comer não ficarei de pé para sair e ver as formas da cidade.
Se encaro o sol sem o protetor, corro o risco de adquirir  uma doença indesejada.


Às vezes o percurso é longo e não dá para ir a pé.
Pego o ônibus que aparenta me trazer algum conforto. Engano.
A caixa andante mais parece um microondas. Os raios do sol penetram no espaço limitado do veículo e mais de cinqüenta pessoas buscam respirar um AR puro como eu. Os cheiros são diversos: Tanto bom quanto ruim.
A condução que estava acelerada foi aos poucos diminuindo e agora tudo está parado. Sentado do lado que faz sol a vontade que dá é invadir o lado da sombra.
Olho para a janela que está aberta, mas o calor reina soberano. Dá vontade de quebrar todo aquele vidro, puxar a trave de segurança, já pensou que confusão?

O trânsito anda, só um pouquinho, de sacanagem e para novamente.
O ônibus que não tem ar refrigerado nem vidro fumê tem um bendito som.
Os aflitos passageiros são obrigados a escutar o repertório de músicas de mau gosto do motorista.
Se bagaceira para ser feia tem de ser grande, um entediado com a seleção do rodoviário decide ligar o som de seu celular e escolhe um rap. Mais à frente, na mesma bancada de cadeiras, uma jovem bem vestida, parecendo recepcionista de eventos também adere à musicalidade de um celular e o som de uma música evangélica entra na disputa do fuzuê musical.
O trânsito sôfrego volta a fluir com maior agilidade. A cabeça gira de um lado para outro, dividindo o olhar com o rosto de quem consigo ver passando na catraca, uma infinidade de barrigas e virilhas que se esfregam em meu ombro.
A janela me revela formas das mais diversas na medida em que a condução avança E o lugar em que vou descer se aproxima.
Fora da caixa andante sigo a pé em busca de algo e me deparo com coisas
Estranhas do cenário urbano. Placas de ferro brotam do chão de um canteiro como se fossem folhas ou fumaça...


Caixas d’água suspensas se assemelham a gigantescos copos postados no céu da cidade, como se uma mão invisível os segurassem no ar para serem visto de longe.
Arranhas céus que se elevam na parte alta da cidade faz gelar quem os ver ao longe. Um emaranhado de torres de transmisão vai aos poucos tomando conta do horizonte plantadas no alto dos edifícios como se fossem árvores do espaço.
Nas formas da cidade, eu procuro entender a linguagem do novo para com o velho, do presente para com o passado!


O que me dizem as formas da cidade?

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